Pokemon e os monstros da vida real
Eu não jogo Pokemon Go, nem pretendo. Não é por nada, mas nunca gostei do desenho, não me identifico e não faz meu estilo de jogo. Também não tenho crianças próximas na família que me incentivem na brincadeira. Mas isso não quer dizer que veja algum problema nele ou me incomode quem joga.
Ouço e vejo muita gente criticando, chamando de desocupado, idiota quem joga. Isso sim me incomoda! E olha que nem estou falando do fato de se meterem na vida dos outros.
Pra quem esteve fora do planeta nas últimas semanas ou que nem se deu ao trabalho de se informar antes de criticar, explico: Pokemon Go é um jogo que usa realidade aumentada e GPS pra trazer os monstrinhos do desenho para a vida real. A ideia é rodar as cidades com o celular encontrando os bichinhos por vários cantos e capturá-los. Seu lançamento era muito esperado e virou febre – como em todos os países – quando chegou por aqui.
A crítica geral dos chatos de plantão é que andar pela rua olhando pro celular é coisa de alienado, que está acabando com as relações reais, que é coisa de desocupado. Desculpa aí, ô Einstein, mas qual o grande ganho de conhecimento que você tem quando assiste sua novela ou seu jogo de futebol? Qual a interação que você tem com seus filhos quando bota o DVD da Galinha Pintadinha pra eles ficarem quietos e você ter paz? Aí vêm outros dizendo que isso é uma forma de pegar os dados dos usuários, localização, imagens e blá, blá, blá. Ok, e quando você coloca suas informações no facebook, instagram, tinder, google e todos eles te avisam que vão usar seus dados, não tem problema?
Deixa de se achar superior por uma coisa que você simplesmente não conhece ou não faz seu estilo de divertimento e presta atenção nessas informações:
– Garoto autista supera medo de sair de casa graças ao Pokemon Go
– Hospital Infantil usa Pokemon Go para tirar crianças da cama
– Pessoas em depressão voltam a ter vontade de sair de casa para jogar Pokemon Go
E essas são só as notícias oficiais. Eu já soube de avós que passaram o dia se divertindo com os netos brincando no parque buscando monstrinhos, amigas que arrumaram paqueras bem reais porque os dois estavam jogando na rua, pai e filho que passam mais tempo juntos dando risada atrás dos bichinhos estranhos, pessoas que descobrem novos espaços da cidade onde nunca tinham ido. Isso é alienar e separar as pessoas??
Tem coisas ruins? Claro! Tudo tem seu lado ruim. Os roubos aos celulares, os tombos e esbarrões nas pessoas ou a falta de atenção que já causou acidentes fatais. Isso é culpa do jogo? Não! É culpa de pessoas aproveitadoras e irresponsáveis que não sabem usar o melhor que a tecnologia tem a oferecer.
Então, da próxima vez que você for chamar de desocupado quem está se divertindo em sua hora livre, lembra disso, guarda sua crítica pra você e leva seu filho pra sair da frente da televisão e ir andar de bicicleta, convida sua mulher pra jantar e dá atenção a ela ou sai com os seus amigos e vai se divertir também. Gente feliz não enche o saco! Tem muita gente se beneficiando dessa brincadeira e o mundo seria bem melhor se os pokemons fossem os únicos monstros que a gente tivesse que se preocupar.