Sobre masterchefs e críticas construtivas
Acredito que seja um consenso que ninguém gosta de receber críticas. É difícil ouvir que você fez algo errado ou que não agradou. Mas acredito que também seja um consenso de que ninguém passa ileso das críticas nessa vida, logo, é preciso aprender a lidar com elas.
É mais difícil ainda quando você ou algo que você fez se torna público. Parei pra pensar nisso esses dias quando estava assistindo aquela lavagem de roupa suja entre os participantes do Masterchef Profissional (me julguem!). Todos ali sabiam onde estavam entrando, que usavam microfones, que apareciam em rede nacional em um programa de grande audiência e, principalmente, que as pessoas têm opiniões. Mas, ao que parece, os cozinheiros não entenderam essa parte e não levaram bem os comentários ácidos feitos pelos espectadores. Bom, eles não levaram bem nem as críticas dos chefs jurados, quanto mais de leigos, não é mesmo, João?!
Ao ler algumas das críticas, até bem-humoradas, muitos deram respostas irônicas, ofenderam, reclamaram e foram bem mal-educados. É desagradável ser criticado em algo que você acha que faz bem, claro, mas quando você torna seu trabalho público é preciso aprender a lidar com isso. Ouvi de um professor da faculdade uma vez que a partir do momento em que um texto é publicado, ele deixa de ser seu e passa a ser de domínio público, então cada um tem o direito de entender e interpretar da forma que lhe convém, ainda que seja completamente diferente do que o autor quis passar. E tudo bem!
Sentir na pele
Quando meu texto viralizou eu tive que entender bem o que é isso. Eu não tinha posto minha cara em rede nacional ainda, mas tinha colocado numa rede que em geral é bem pior quando se trata de críticas. Eu recebi milhares de comentários de carinho, apoio, incentivo, empatia, força, mas sempre tem o outro lado.
Existe um mundo negro na internet chamado “Caixa de Comentários”. Lá, algumas pessoas se sentem tão fortes e seguras que ficam à vontade para serem elas mesmas e maltratar os outros. Dentro desse mundo negro existe um mundo paralelo ainda mais negro chamado “Comentários do G1”. Sério, gente… aquilo é a reunião das piores pessoas da Terra, não aconselho ninguém a chegar lá. Mas, eu, inocente, fui ler o que estavam falando na matéria sobre mim e foi isso o que eu encontrei:
Esses foram só os comentários mais leves e permitidos para menores. Preciso comentar que nenhum deles tem foto no perfil? Acho que não né…
Não foi fácil ler essas coisas, eu parei logo no começo antes que piorasse. Mas o que eu podia fazer? É público e ainda não é crime ser imbecil.
Aí, primeiro eu aprendi que é essencial pensar muito bem antes de comentar alguma coisa e lembrar que existe um ser humano ali com sentimentos e expectativas. Ninguém deveria ouvir isso sobre si.
E depois, aprendi que existem três tipos de críticas e formas de lidar com elas:
– As construtivas, que vêm de quem realmente entende do assunto e está tentando ajudar. Essa realmente merece atenção. Normalmente é a que dói mais porque costuma vir de alguém que você ama ou admira e condiz com a verdade. Merece avaliar, debater, repensar e talvez botar em prática.
– As negativas, que normalmente não vêm com a intenção de ajudar, mas que tem alguma verdade. Vale um tempinho pra reler e repensar. Pode ser um ponto de vista que você não enxergou e vai te fazer pensar de novo da próxima vez.
– As ofensivas, que só querem te botar pra baixo e aparecer. Não servem pra nada além de magoar. Não vale a pena perder tempo, responder ou levar em conta. Ignora e segue em frente – a não ser que seja algo preconceituoso ou criminoso, aí cabe denúncia.
Quando você identifica cada uma delas, fica um pouco mais fácil deixar o ego de lado e aceitar melhor as críticas. Talvez seja isso o que os cozinheiros do Masterchef não consigam, esquecer o ego. Ainda dói, claro! Nunca vai ser tranquilo, mas na hora que você percebe o quanto evolui quando aprende com os outros, a vida vai ficando mais leve.